Cristianismo Retraído

Por décadas pastores pregaram e ensinaram aos crentes, desafiando-os com as seguintes perguntas: “Devemos nos manifestar contra as questões sociais que ameaçam a fibra moral de nosso mundo?” “Devemos fazer tudo o que pudermos para tornar nosso governo cristão?” “Devemos lutar contra as filosofias seculares e humanistas de nossos dias?” Esses ministros acreditavam firmemente que perderíamos de vista nossa verdadeira missão como cristãos se respondêssemos “Sim” a qualquer uma dessas perguntas, pois nos tornaríamos ativistas, não cristãos.

Obviamente, tal pensamento é estranho à Comissão de nosso Senhor Jesus. Sua ordem de maneira inversa foi:

“… e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus. Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10.7, 8).

Em 1Coríntios 6, somos instruídos a estabelecer tribunais de para julgamentos nos termos da Lei Moral de Deus. Em Atos dos Apóstolos, o cuidado para com os pobres e o levantamento de ofertas para assisti-los começou cedo. Nos primeiros séculos da era cristã, a igreja antiga tinha lares para idosos sem família e para crianças abandonadas, hospitais para cuidar de todos, escolas e assim por diante.

A preocupação puramente espiritual em que muitos pastores insistiram (e ainda hoje insistem) era a marca das religiões pagãs ou cultos de mistério. Gerações antes de a igreja antiga ter um edifício para adoração, ela já possuía uma variedade de instituições para atender às necessidades dos mais carentes.

Como forma de atender a essas necessidades em Cristo, os diáconos foram criados, ordenados e capacitados para ministrar em nome de Cristo. Antes, uma força poderosa em toda a cristandade, hoje o diaconato é, em muitos casos, um ofício que não funciona. Antes, o formador da comunidade cristã, o diácono agora é periférico à igreja e à sociedade. Eles foram conhecidos desde muito cedo como os levitas cristãos porque eram os mais ativamente engajados na vida da sociedade. Seu impacto na sociedade foi grande, e a misericórdia e compaixão em Cristo que o diaconato manifestou foram vistas como reveladoras da graça do Evangelho.

A Roma pagã, como outras potências mundiais, tinha o assistencialismo como meio de controlar os pobres, mas nenhuma caridade de base religiosa que impulsionasse todos os homens. Nossa situação atual é comparável à do antigo paganismo: a caridade é uma boa ideia, mas é melhor que o Estado a assuma.

O impulso pessoal, e a fé teologicamente fundamentada, de que temos a obrigação dada por Deus para ministrar às necessidades humanas, de colocar todas as áreas da vida sob o domínio de Cristo e da Lei de Deus, e o dever de fazer da terra de Deus seu Reino, tudo isso foi abandonado já que a igreja se retirou para a posição de uma religião ou culto misterioso.

Todo o mundo está rendido ao mal, e apenas um pequeno canto, a igreja e as pessoas nela, representam o domínio de Cristo. Se o mundo, é o mundo de Cristo, como o Rei tratará uma igreja que entrega seu mundo aos seus inimigos? Não estaria a igreja fazendo o trabalho do próprio inimigo? É incrível constatar que existem muitos cristãos que realmente acreditam ser mais puros e santos porque entregaram uma área após a outra aos inimigos de Cristo (família, educação, governo, etc).

Porém, quando nos voltamos novamente para a igreja antiga, lemos o que escreveu Flávio Justino, ou Justino Mártir como é mais conhecido:

“Aqueles que prosperam, e que assim o desejam, contribuem com tanto quanto quiser. O que é arrecadado é depositado junto ao presidente (dos diáconos), que cuida dos órfãos e viúvas, e dos necessitados por motivo de doença ou qualquer outra causa, e dos que estão presos, e dos estrangeiros que estão peregrinos entre nós, e brevemente, ele é o protetor de todos os necessitados”(I Apologia, 69, 67,5-6).

Hoje, as igrejas muitas vezes buscam uma pseudo-santidade barata em “exercícios espirituais”, no comparecimento às reuniões, na leitura de muitos livros “espirituais” leves e assim por diante. A situação em algumas áreas é tão ruim que citar Miquéias 6.8 é visto quase como uma heresia:

“Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus”

O que há de errado com esse versículo? Alguns crentes dizem: “isto é do Velho Testamento, e não há Cristo nisso”. Mas, quem deu essa palavra, exceto Cristo, se você interpretar as Escrituras literalmente?

A santificação é obtida pela fidelidade à Lei Moral de Deus. O Pecado é anomia (ausência de lei ou regras), é uma ilegalidade, “… porque o pecado é a transgressão da lei” (1 João 3.4). Logo, santidade é fidelidade à lei de Deus. Uma vida de santidade não será alcançada apenas meditando ou esperando o arrebatamento!

Nossa fé é intensamente prática. Jesus Cristo nos deu a melhor e mais livre cultura que o mundo já conheceu, e Ele sabe que o cristianismo já tem inimigos suficientes. É triste perceber que ainda hoje seus próprios líderes estejam se rendendo ao estado místico de acomodação. Mas, o futuro pertence a Deus e a todos os seus fiéis. Estejamos firmes quanto a nossa fé e certamente no final de tudo, triunfaremos:

“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou”(Romanos 8.37).

Pr. Alan Kleber

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